Papo de canto #08 – Eu preciso saber a tradução da música que eu vou dançar?

Oi, gente! Bem-vindos de volta ao meu cantinho!

Hoje, o papo de canto como sempre está bastante reflexivo. Gente, vamos direto ao ponto: Eu preciso saber a tradução da música que eu vou dançar? Sim, eu preciso saber! E isso para qualquer estilo de dança, viu?!

Mas por que eu preciso saber a tradução da música se eu não vou fazer mímica? Eu só quero dançar, porque ela tem uma batida tão legal. Por que eu tenho que saber o que a letra da música está dizendo? Simples: quando você dança não é apenas o seu corpo que está se movendo ao som de algo. A música em si tem uma grande participação nesse processo e ela também quer dizer algo. Então, se você não presta atenção naquilo que ela está dizendo, mesmo que de uma maneira inconsciente, você estará concordando com aquilo. Por isso, tome cuidado. As vezes você pode estar concordando com algo que não necessariamente tem a ver com os seus valores internos. Isso pode ser sobre qualquer assunto, desde o corte de cabelo até uma posição política, ideológica… Tanto faz! Mas as músicas têm uma mensagem para passar. Elas são uma expressão artística sim e elas estão expressando uma mensagem, e você quando a utiliza na sua dança tem uma responsabilidade em relação àquela mensagem que a música trás. Com todas as facilidades que a internet nos trouxe para pesquisar a letra e tradução de músicas acaba sendo nossa escolha concordar ou não com aquilo, e usar ou não aquela música para a sua arte.

Você precisa saber o que está sendo dito ali. No meu caso, como professora, não posso trazer músicas que vá contra preceitos que trago para a minha realidade artística. No stiletto, por exemplo, se eu digo para as alunas que estamos trabalhando o corpo para nós mesmas e eu trago uma música que na verdade está
trabalhando a objetificação desse corpo para o outro, existe aí uma questão no meu trabalho como professora. Ou eu não estou prestando atenção naquilo que eu mesma digo acreditar, e em algum momento isso cai por terra.

Recentemente tive a experiência de ver uma dança árabe com uma música brasileira. Infelizmente não foi algo bacana, a dança, a música e a letra não estavam em harmonia. Não façam isso! Ouçam a música, prestem atenção no que a música está dizendo e não saia dançando a esmo. A arte não é feita a esmo, ela tem uma proposta. Preste atenção naquilo que a música está dizendo e no movimento que você está fazendo. A música tem uma mensagem, a minha dança tem outra mensagem, e quando eu junto os dois eu tenho uma terceira mensagem a passar, e hoje em dia com o advento da internet, essa minha mensagem chega muito longe. Então eu tenho sim uma responsabilidade em relação à mensagem que eu estou passando e eu tenho sim uma responsabilidade em relação ao que essa mensagem vai me trazer de retorno. Se eu estou conexa com o que eu penso e com o que eu faço enquanto arte, seja muito feliz. Vai dar tudo certo! Mas, se eu tenho um discurso e eu tenho uma dança que não concorda com esse discurso quando ela traz elementos, músicas, figurinos e outras coisas que não estão condizentes com aquilo que eu falo, em algum momento vai dar ruim.

Mesmo que eu dance apenas por diversão e não profissionalmente, eu ainda assim tenho que ter cuidado com a mensagem que eu passo, já que essa mensagem é largamente disseminada pela internet afora. Não passe uma mensagem que não é sua! Quando a gente simplesmente reproduz uma dança numa música sem levar em consideração o que aquilo está dizendo a gente está passando uma mensagem que não é nossa e aí a gente é sim responsável pelas consequências que essa mensagem traz como um todo porque a dança sempre traz uma consequência, mesmo que minimamente. Como uma mudança de pensamento, uma mudança na nossa forma de de enxergar algo simples. A arte é um agente de mudança e transformação, e esse é o poder da arte da dança e esse é o seu poder, não faça de qualquer jeito!

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Beijo grande, até o próximo papo!

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